segunda-feira, 30 de junho de 2008

lucas



Meu motivo, minha força, minha esperança, alegria.
Meu momento de calmaria.
Minha vontade de viver.
Meu anjo.
Meu dia.
Meu guia.
Me levando sempre pro melhor de mim.
Te amo demais!

tava na aula

* escrito em 13.05.2008, na faculdade, durante a aula de "psicologia e subjetividade no direito"...

Humm...... Aula sobre Freud.

Pulsão de vida, pulsão de morte e como o sistema penal, teoricamente, se utiliza da psiquê para poder se fortalecer. Teoria da manipulação do sistema para que ele próprio seja engrandecido e respeitado.

Seguinte: parte-se do princípio de que todo ser humano tem, dentro de si, um “assassino”. É como se todos comportassem pulsões destrutivas; e o criminoso, aqui, é o que transpõe a repressão comum aos indivíduos daquele determinado impulso. É o que “vai além”, o que dá vazão. Desta forma, o sistema penal coloca este transgressor como um exemplo, fazendo com que este seja odiado pelo delito. Este ódio é gerado, mas, na verdade, não é ao delito propriamente dito. É como se o ódio fosse à transgressão da regra seguida pelos demais. É o ódio à abertura que aquele se permitiu. É como um espelho ao inverso, ódio da frustração de tanta auto-repressão ter sido transgredida ali, na sua frente, por um igual. Transgressão de algo que cada um cuida dentro de si pra manter em ordem. Uma auto-regra quebrada pelo outro.
_ Nossa!!! Ódio ao outro!!! Como assim?!?
E, curioso!... É neste ódio que o sistema se fortalece!.. É na permanência no oculto desse jogo psicológico que só faz com que a ponta do iceberg seja feita. A ponta “erro horrível do outro”. A ponta “como ele foi feio”. A ponta “joga pedra na Geni”, mas só que sem pensarmos que todos tivemos nossos desejos de prostitutos um dia.
.......................

quinta-feira, 26 de junho de 2008

corda bamba

Tô no limite.
Por um fio.
No fim da prorrogação.
Cabeça dói, o corpo dói, as perspectivas doem.
Não sei o que pensar.
Não sei nem o que eu queria pensar, na verdade.
Sei que tá cinza.
Frio.
Vazio.
E eu não entendo o que eu tô fazendo aqui.
E eu não consigo entender o que eu faria lá.
Tô presa em mim, ainda que livre.
Pseudo-liberdade de merda de quem não sabe pra onde ir.
Sozinha demais.
Pesado demais.
Demais!...

terça-feira, 24 de junho de 2008

um viva pra viver!

Tava lendo Winnicott hoje, falando das origens da agressividade. O texto tem umas análises interessantes, mas ainda vai demorar um tempinho pra eu digerir tudo. "Fica o que cabe", rs... Uma vez me disseram isso. E é. De todo a massa bruta de conteúdo, fica o que encaixa nos espacinhos da identificação. E fica. Só o que cabe.
Mas, só pra adoçar, achei lindo (e coube!) a análise quanto à evolução da distinção do objetivo e do subjetivo no indivíduo. A distinção entre o sonho e a realidade que, com o tempo, vai sendo feita de maneira cada vez mais rígida. E é lógico que é necessário o processo, mas às vezes, exageramos. Nos mecanizamos. Embrutecemos. Entristecemos.
"Mesmo uma grande parte dos adultos jamais alcança a capacidade de ser confiavelmente objetivos, e aqueles que se mostram mais confiáveis em sua objetividade revelam-se, por outro lado, comparavelmente distante das riquezas do seu mundo interno."
E viva o mundo interno, rs.
E viva o olhar de criança.
E viva descobrir e redescobrir os milagres que nos cercam todos os dias!...
Viva!...
:)

sábado, 21 de junho de 2008

provisoriamente provisório

Poucas vezes alguma coisa me incomodou tanto quanto olhar pra minha vida, ao longo dessa semana. Não dá pra explicar, não coube em mim a sensação. Tô num momento de análise, de crítica, de construção. E dói demais, pesa demais, aperta o calo, espeta o ego, coloca em cheque as suas próprias definições.

Minha vida está "instalada em link provisório" há tanto tempo que está me irritando. Irrita o caráter pouco sólido de tudo, a sensação de que nada é real, de que tudo é farsa.

Resultados de uma transição a fórceps da adolescência pra adultice, mas uma transição que, como quase tudo na minha vida, veio meio aos trancos e barrancos, sem muita definição, meio confuso, meio dissimulado, meio adotado, meio postergado, sei lá... De uma adolescente que tava acabando de começar a aprender a se domar, veio filho. Veio responsabilidade. Veio a necessidade de incorporar comportamentos que estavam tão longe de mim, que criou uma dicotomia. É como se eu tivesse evoluído muito em determinados aspectos, pela demanda; e tivesse continuado uma criança mimada em outros, pela obediência ao ritmo de um processo ainda em evolução - ritmo que hoje eu acho que foi até lento demais, pouco incentivado pela noção da rapidez em que os outros "determinados aspectos" estavam se dando, como se fosse uma compensação, ou sei lá...

A questão é, hoje eu tenho um desequilíbrio gritante na minha "balança emocional", e, se por um lado eu sei que dei o máximo de mim pra crescer nos aspectos necessários, por outro, sei que este "máximo", que este esforço constante direcionado, me fez não ver a precariedade do resto. ... E, ainda que explique, uma coisa não justifica a outra.

Bom... e disso tudo conclui-se: minha vida está instalada em link provisório! E não foi este o serviço que eu comprei! E não é este o serviço que eu quero pra mim! Não é este o serviço que eu preciso, entende?

Eu preciso tomar a minha vida na minha mão. Preciso ficar tranquila com ela. Parece que eu tô tão desesperada em olhar pra mim, que tô conduzindo a minha vida como uma batata quente. Vou a colocando pra frente com tapinhas assustados de quem sabe que não pode deixar cair, mas ao mesmo tempo também tem receio de segurar. E não é isso que eu quero. Quero uma confiança macia, de quem conhece, manuseia, de quem sabe onde quer chegar. Quero saber balancear. Quero me dominar. Quero aprender a lidar. Quero saber que cada coisa ocupa um determinado espaço, e quero saber enquadrar. Quero me sentir cada vez mais confortável em mim. Tranquila com a vida. Cada coisa no seu lugar. Quero saber fazer um uso inteligente da minha força, aliás, quero acreditar na minha força, pra poder administrar.

E a vida tem várias etapas. E hoje eu olho pra trás e me orgulho muito de ter conseguido estar aqui. Eu sei que venci cada batalha e que trouxe de cada uma delas o orgulho, a experiência e a consciência. E agora, mais uma percepção. Mais uma insatisfação que veio, no seu tempo, preu poder trabalhar. E eu sei que é trabalho pra vida inteira se conhecer. E cada vez é somada uma nova vertente do eu preu analisar, entender e assimilar. E mesmo que me angustie uma nova percepção, pelo anúncio de um novo caminho a seguir e se aventurar, eu tenho certeza que vou conseguir, e que, daqui a um tempo, eu vou voltar aqui pra falar que eu coube em mim. Que consegui me dominar. Que aprendi a administrar a independência, que consegui a limitar de maneira tranquila as milhões de coisas que jorram em mim e que consegui pôr cada uma delas no seu devido lugar. Enfim.. daqui a pouco eu volto pra dizer que estava "provisoriamente em um link provisório", rs, e que migrei prum link definitivo!!!.... rs...

E ainda que eu saiba que os definitivos também têm problemas e que a conexão também cai de vez em quando (não sou tão romântica assim), vou saber que isso faz parte, assim como também faz se reestabelecer; mas, acima de tudo vou saber que o que eu podia fazer em termos de gerenciamento, consciência e responsabilidade, foi feito. E que a manutenção é bem mais tranquila do que a migração!!!....








terça-feira, 17 de junho de 2008

amigo

Sorriso de Monalisa no rosto pelo conforto da certeza de alguém. Sensação morna de saber que existe alguém que consegue tirar todos os véus das minhas próprias verdades - as que eu mesma me recuso em ver. E que o faz de maneira tão doce, e ao mesmo tempo tão forte, que me faz sorrir. É como se eu tivesse sido pega em mim. É como se ele viesse, de mansinho, e depois deu descrever da maneira mais prolixa possível tudo que eu não consigo organizar e entender, puxasse apenas uma linha, desfazendo, de maneira simples, calma, direta e objetiva, todo o emaranhado que eu tinha criado pra me perder.
Sabe aquelas horas que você sabe que tem uma determinada concepção sobre algo, mas que, ao mesmo tempo, não consegue admitir porque o ponto de vista exatamente oposto, de certa forma, também habita em você? Quando duas concepções divergentes opõem a sua razão aos seu sentimentos, e quando para os dois você tem argumentos pra condenar e defender?
Pois bem!... Tava num momento assim agora. Agora agorinha mesmo. Metade de mim me dizia uma coisa. A outra metade, outra.
Sempre que isso acontece, aprendi que devo fechar os olhos, respirar fundo, e buscar dentro de mim uma direção. Ou, em momentos de falta orientação, tento imaginar o que "Deus quer" pra mim - partindo, lógico, do princípio de que Ele sempre prezaria pelo que representa luz e vida, contrário ao que nós muitas vezes escolhemos pra gente...
Mas, enfim... De um tempo pra cá comecei a bater mais boca com as minhas decisões. A questionar, recorrer, reivindicar, trazendo sempre novos dados que me fazem distar cada vez mais de uma resolução.
Tem vezes que eu tenho uma certeza fininha, lá no fundo, como aquele barulho constante do silêncio, de o quê que eu devo fazer. E, o pior é que, também às vezes, essa certeza fininha me leva pra longe, pra bem longe do que eu acho que seria melhor fazer. E é lógico que as variáveis consideradas entre o que determina o "dever" e o "seria melhor" são inúmeras, mas aqui eu tô assumindo o "dever" como ação oriunda de uma consciência moral e ética, e o que "seria melhor" como ação derivada de uma lógica de conveniência que, infelizmente, não pode ser completamente abandonada nas relações sociais necessárias do mundo de hoje (e de sempre) - maldita necessidade!...
Mas, voltando... Agora, bem agora, eu tava com uma certeza fininha. Um zumbido de pernilongo dentro de mim, mostrando-me um caminho. E, em contrapartida, tinha em enxame do outro lado, apostanto na validade de uma perspectiva que, ainda que realmente interessante, tinha alguma lacuna vazia que me incomodava e fazia repensar.
E aí veio ele, com jeitinho de boneco stop motion, e me mostrou pra mim. Conseguiu sintetizar de uma maneira incrível os milhões de dados que ecoavam na minha cabeça. Conseguiu resumir os prós, os contras e a maneira como se relacionavam, em uma frase. Conseguiu me acalmar, provando pra mim que eu não sou maluca (isso é muito importante deu saber, rs), e, acima de tudo, conseguiu me lembrar, com uma pergunta inteligente, da minha essência.
E hoje eu só queria agradecer!...
Obrigada!...

domingo, 15 de junho de 2008

dia dos pais

Hoje foi dia dos pais na África do Sul.
Interessante, não?!?

Agora... se eu fosse morar na África do Sul, comemoraria dia dos pais no segundo domingo de agosto ou hoje? Ou nos dois? Ou em nenhum??!?!

Huuum... então, pergunto... não fica sendo idiota um dia dos pais assim?
Do tipo.. uma data qualquer escolhida aleatoriamente sem nenhuma motivação real que determinasse aquele dia como superiomente interessante e especial?? Um uni-duni-tê no calendário por um dia em que os caixas vão ter mais fluxo do que os demais, por um incentivo ideológico de homenagem a quem deveria despençar um pré-agendamento para tal?

Sei lá!!!

Natal eu entendo. Aceito. Admiro. Comemoro. Nasceu Jesus, nasceu a esperança, nasceu a redenção! Trocamos presentes, como se nós fôssemos nossos próprios reis magos, lembrando-nos o quão especial somos e o milagre que cada vida representa.
Apesar dessa consciência estar meio falha e do acúmulo de presentes falar mais alto (infelizmente), é uma data louvável...

Mas, sei lá... Foi engraçada a sensação de desdém quando soube que hoje era "dia dos pais" na África do Sul. Hoje os filhos desrespeitaram os pais por aqui, não deram valor, não ouviram, não participaram... E, por lá, brincaram de família Doriana, porque alguém, algum dia, determinou!...
E, daqui a uns meses, é aqui que a gente brinca de ser feliz, tentando encaixar num dia de homenagem as faltas e culpas dos outros 364 do ano...

Enfim... feliz dia dos pais pros pais de lá, então!
E os daqui que esperem mais uns dois meses pela sua vez de reconhecimento e admiração!......

monografia

Tenho que fazer a monografia.
Isso já virou um bloqueio.
Lucas foi passar o final de semana com o pai, preu poder me organizar.
Músculos tencionam e eu não consigo sair do lugar.
Desesperadora a sensação.
E todo mundo cobra, e eu me cobro e eu não consigo andar.
A mão começa a fechar de tanta ansiedade.
As palavras se embaralham na mente e tudo aquilo sobre o qual eu sei tão bem falar, foge.
Não penso.
E dói a cabeça, e dói o ombro, e embaça a visão.
E eu olho pro relógio. E, dois segundos depois, olho de novo e uma hora se passou.
E eu ainda tava olhando pra tela, tentando a concentração.
Que horrivel. Que parto.
E dói mais um pouco as costas, e o braço adormece.
Nó na garganta pra chorar.
E eu tenho que fazer a monografia.
E ela é sobre tudo que eu tô cansada de falar.
E não sai.
E eu tenho que fazer a monografia.
E isso ecôa. E a ampulheta passa.
E eu fico assoprando pros grãozinhos voltarem pra cima.
Que merda de gravidade que os puxa pra baixo numa velocidade que eu não tô conseguindo acompanhar!!..
E eu tenho que fazer a monografia.
Caraho! A monografia!...
Uma porcariazinha de um trabalhinho que eu ja fiz zilhões parecidos, sobre um tema que eu sei falar sobre igual uma maritaca e que encheria 200 páginas.
E-não-sai!
Falta o ar. Treme a mão.
Ansiedade de merda!
Dispara o coração.
E fico com raiva de mim. Fico zangada comigo.
Como bolo, chocolate, pão.
Abro a geladeira pra tentar encontrar lá dentro o que tá dentro de mim.
E me culpo por estar comendo dez vezes mais do que preciso, mas só pra poder enfiar mais uma culpa desvirtuante dividindo espaço com a falta de produção.
E eu tenho que fazer a monografia!!!!
Eu tenho que fazer!
Eu tenho!!!!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Eu e a lagartixa

Fui tomar banho agora e, ao abrir a porta do box, deparei-me com uma lagartixa. Uma micro-lagartixa. O box, barulhento que só, deve tê-la assustado, e ela, que antes parecia perambular de um lado pro outro, ficou ali, paradinha.

Por mais que a pobre estivesse quietinha, não deixava de me atrapalhar. Estava num chão prestes a ser inundado, e, coincidentemente, no cantinho que o excelente caimento do meu banheiro faz formar uma poça pós-banho - por acaso o canto oposto ao ralo, rs, mas, tudo bem!...

Cheguei perto dela pra fazê-la se mover. Subir na parede, sair do box, sei lá... qualquer coisa que me permitisse retomar a intenção do banho. Mas não deu. Não sei se era lagartixa bebê e ainda inexperiente em subir em paredes, não sei se o bicho tem problemas com subir em azulejo, ou qualquer outra coisa... Só sei que ela não conseguiu subir, nem sair.

"Dei de ombros" (homenagem ao Léo, rs), virei as costas e fui ligar o chuveiro. Juro que tentei não me importar. Mas, nossa! Mil coisas na cabeça ao mesmo tempo. Tão pequenininha a lagartixa, devia ser filhote. Não que uma vida de filhote tenha mais ou menos valor que qualquer outra vida, mas é tão desprotegida.... E devia ter mãe, né? Imagine que ela esteja esperando o lagartixinho filho em casa... imagine se ele não voltasse??! O desespero que deve ser - nessa hora lembrei do dia que perdi o Lucas na praia nos 10 minutos mais longos da minha vida!...

Enfim... virei o chuveiro pra ligar e desvirei antes da primeira gota tocar o chão. Ah!..Eu não ia viver com o peso da vida daquele lagartixote nas costas.!...

Bom... eu tenho que tomar banho e a lagartixa não consegue sair dali... logo... eu tenho que tirar a lagartixa. Fato!.. Mas.. como??? Tentei incentivá-la a subir na parede, mas definitivamente ela não tava se entendendo com o azulejo, rs. Então, medida de emergência! Peguei uma revista para tentar colocá-la em cima e transportar segura pra longe da enchente em iminência do meu merecido banho!!!...

E, isso tudo que escrevi até agora era introdução pro ponto central da questão: a cena deu tentando salvar a lagartixa e dela, visivelmente desesperada, fugindo das minhas insistentes tentativas de salvamento.

Bom.. considerando que a pobre lagartixa, dentro das limitações dos instintos dela, estava se sentindo super ameaçada, é lógico que ela tava aterrorizada. Não estava entendendo o que estava acontecendo, não compreendia o intuito final da ação, e, simplesmente, fugia.

Tava me dando pena do desespero dela. Tadinha!!! Lutava bravamente pra manter sua vida dentro dos padrões que considerava normais, sem saber que aquela normalidade a levaria prum afogamento; e sem saber que, naquele momento, era necessário que ela não entendesse o que tava acontecendo, que confiasse, pra se salvar.

Aí, quando eu tava ali, vendo aquela lagartixinha apavorada, eu pensei em Deus. Pensei em como todos nós somos lagartixinhas desesperadas pra ele, guardadas as proporções. Em como existe uma lógica de funcionamento muito maior do que a gente é capaz de entender, e em como a gente se desespera achando que a limitação do que julgamos "normal" deveria prevalecer.

Pensei em Deus tirando a gente de enxentes-chuveiros diárias, sem que a gente nem saiba o que estava por vir. Nele nos protegendo, nos cuidando. E, inevitavelmente, pensei na gente reclamando.

Cara... aquela lagartixinha, absolutamente amedrontada, deve estar com raiva de mim até agora. Eu fui totalmente contra o que ela esperava, forcei-a a subir numa revista, a conduzi ali em cima, sem segurança aparente, sem entendimento consciente, sem nada que justificasse pra ela o porquê. Eu sabia o que estava por vir, mas ela, provavelmente, nunca vai entender. Só entende o desvio que aquilo gerou do seu plano padrão, e só.

E nós acabamos sendo meio assim. Quantas vezes reclamamos muito porque as coisas saem diferente do que queremos? E quantas vezes será que essa diferença não foi realmente o que fez toda diferença, movida para o bem por quem tem uma amplitude infinitamente maior de compreensão?

Ah, sei lá!... Muito interessante me colocar no lugar da lagartixinha no meu box-mundo regido pela minha pseudo-razão. E ainda mais interessante ainda, sob este foco de visão, considerar que a lagartixa só conta com seus instintos, desconhecendo completamente qualquer possibilidade de explicação. E que nós, seres pensantes, contamos com a idéia de Deus, contamos com a sua salvação. E mesmo conhecendo, sabendo, vendo, e muitas vezes até mesmo crendo, ainda temos uma absurda dificuldade de aceitar que o que foge ao nosso controle pode ser a maior expressão de sabedoria e salvação!......






quinta-feira, 12 de junho de 2008

presente

Há um tempo atrás eu tava na casa do meu tio assistindo "House".
Não sou muito de assistir seriados e nem tenho TV por assinatura pra isso.
Mas estava lá a TV ligada, e eu meio que fui fisgada, numa olhadela pra tela, por uma ou duas frases sarcásticas muito bem colocadas - adoro as sarcásticas inteligentes!...
Aí fiquei lá, assistindo, até que, num determinado momento, eis que vem: "... dar presentes nos mostra o quanto nós não conhecemos as pessoas..."...
Tá certo que a trama fazia com que isso tivesse um contexto que justificava a frase de uma maneira muito mais completa do que citá-la 'papagatoriamente' como estou fazendo, mas enfim... Acho que ainda assim ela se torna interessante...
Interessante porque é, simplesmente!... Pessoas que lidamos todo dia, que adoramos, mas que, simplesmente, desconhecemos. Não entendemos bem o que elas gostam, o que elas querem, do que precisam, com o que se divertem... E dar um presente é tentar penetrar no universo das preferências alheias. É tentar entender sua mecânica de funcionamento e conseguir perceber o que se encaixa dentro deste mundo que não é seu. É conhecer, mensurar, perceber, se dedicar a entender.
Nossa!... Dar um presente..... Só!!...
Parece tão simples.... Mas nem é!
Aliás, muito interessante a abordagem que me ocorreu agora....
Dar um presente é uma arte!... Como toda arte, pode ser reproduzida tecnicamente, mecanizada. Obviamente atende à necessidade última de dar alguma coisa, mas perde a sua aura.
Benjamin Franklin, em "A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica" fala algo similar, mas referindo-se à obras. Fala da "aura" da obra de arte. Do valor do esforço ali empenhado que sobrepõe qualquer reprodução industrial, por mais perfeita que possa ser.
E existem presentes reproduzíveis tecnicamente. Aqueles que obedecem aos clichês. Menina ganha boneca. Menino ganha bola ou carrinho. Homem ganha blusa, carteira e desodorante. Mulher ganha blusa ou brinco. E ponto. Uma coisa meio mecanizada, meio que sem sentimento. Sem uma intenção investigativa de uma preferência real.
Dar um presente é imaginar qual pecinha encaixa no tetris do outro, o que é muito difícil. E é isso que faz ser uma arte. A arte de conhecer. De perceber além do umbigo.
Ganhei pouquíssimos presentes na vida de que gostei. Menos ainda de que realmente gostei, rs. E excluo aqui aqueles presentes-necessidade que não têm como não se encaixar. Máquina de lavar, computador, ferro de passar, e tal... Essas coisas são quase um coringa no baralho, respaldadas pela necessidade básica de conferir funcionalidade à vida e atender às necessidades da rotina.
Tô falando de presentes de verdade. De presentes do coração. Ganhei pouquíssimos. Aqueles que, antes de te dar, a pessoa diz "Achei a sua cara!" e que, quando vc abre, nossa! Realmente "é" você!!... E eu não sei se fico mais feliz pela incorporação do objeto referido ao meu patrimônio ou se é pela sensação de sintonia por aquela pessoa realmente me conhecer.
Aliás, acho que fico mais feliz pela mágica da segunda, rs....
Mas, enfim... Percebo que poucas pessoas me conhecem de verdade.
Poucas sabem o que encaixa no meu mundinho.
Mas, pior do que isso.... percebo que eu conheço muito pouco as pessoas. Muito, muito, muito pouco. Fugindo dos clichês, não sei ao certo como encaixar. Não sei se é receio de não acertar e gerar incômodo pela confirmação do não conhecer ou se é incapacidade de captar de uma maneira interessante o que tem valor para o outro. Só sei que não sei dar presente. E, que ruim isso!...
Aí opto sempre pelo coringa do baralho, esquecendo que assim nunca vou ter uma canastra limpa. Opto pelo tom bege, esquecendo que com ele não se pintam arco-íris. E, poxa!!!!... Que ruim ser assim!...
Dia das mães passou e comecei a pensar a respeito disso. Dia dos namorados chegou e o pensamento se acentuou..... E aí eu vim aqui pra contar pra todo mundo que eu não sei dar presente, que não tô sabendo perceber, captar... E, com uma certa vergonha, admitir que optei pelo coringa-necessidade, que vai esconder atrás da sua fachada bem montada de utilidade real que eu não tinha a mínima idéia de qual era o formato da pecinha que podia vir a encaixar..... E que eu não tava conseguido encontrar uma melodia pra adaptar à letra que eu leio todo dia!!!.....

quarta-feira, 4 de junho de 2008

tenho que fazer alguma coisa

Eu tenho que fazer alguma coisa!
Não tenho a mínima idéia do que é, mas certamente é alguma coisa.
Tem um vazio incômodo demais aqui na barriga, que sobe, reverberando até a garganta, dando um nó e concentrando ali todas as energias emanadas. O fluxo é constante e a concentração é crescente. E tenho a sensação que, tendo a necessidade de vazar pra algum lugar, essa onda de sei lá o quê que vai da barriga até a garganta, faz o corpo todo tremer por dentro. Treme a respiação, treme o pensamento, treme o cálculo dos movimentos. Tudo condicionado ao centro-barriga de tensão e ansiedade.
Ninguém vê de lá de fora.
Sorrio e as pessoas até acreditam, rs.
Mas aqui dentro eu sei. Eu "vejo". Eu sinto essa bomba relógio de angústia que me faz ter essa certeza insistente de que eu tenho que fazer alguma coisa!
E que merda de certeza seletiva é essa, que não é agradada com nenhuma das iniciativas, por mais elaboradas que sejam.

Tenho que fazer alguma coisa, e, por mais que eu tenha uma listagem de todas as pendências (as urgentes e as mais urgentes ainda) da minha vida, nenhuma delas se encaixa de maneira atrativa nessa busca por algo que vá me acalmar. Aliás, pelo contrário: pensar nas pendências só me faz enumerá-las de maneira desesperadora, aumentando o vazio-tremor da barriga, e, consequentemente, acrescendo o grau de emanação de pulsos de energia pra garganta - o que, por sua vez, aumenta o tremor e a inadequação frente à qualquer uma das hipóteses de atividade para aquele determinado momento.
Tenho que fazer alguma coisa, mas minha mão tensa nem se fecha, tamanha a dificuldade de lidar com olhar por cima de tudo que se tem que fazer, sem conseguir, efetivamente, ter a serenidade e o centro para cuidar de uma por vez de maneira sã e consciente.
E o nó na garganta fecha. E o pensamento confunde.
E, ai! Como eu odeio ficar assim!!!.....

Na verdade, me analisando a longo prazo, eu percebo que momentos assim antecedem, algumas vezes, bons momentos. Ao menos nos últimos anos que tenho conseguido de uma maneira bem melhor canalizar de forma construtiva a angústia de não conseguir resolver o mundo num piscar de olhos. Eles vêm pra me mostrar como é importante a constante auto-avaliação (pra não deixar acúmulos desestruturantes em todos os âmbitos) e me fazem conseguir, ainda que aos trancos e barrancos num primeiro momento, organizar um pouquinho de dentro de mim.

Bom... isso quando a tensão tende a construir e quando eu consigo transformar a força-tremor numa força-esforço de concetração analítica das causas e consequências...
Tem também quando eu esqueço. Não posso fingir que não. Tem quando eu jogo a ansiedade pra baixo do tapete e tento distrair a atenção (e a tensão). Quando eu transformo a força-tremor numa força eufórica que passa por cima e esconde tudo. E que passa. E quando passa, às vezes, nem volta pro vazio na barriga - ele até pode ter passado naquele momento também. Mas ele volta!... Mais cedo ou mais tarde, se não trabalhado, ele volta!...
Maldito vazio-tremor angustiante!... Cobra seu preço, cobra seu esquecimento, puxa o pé e diz que não vai te deixar em paz enquanto não encarar!...
Unf! Maldito!...

E agora tô meio assim... tô numa rebordose de umas três crises de vazios-tremores curadas com euforia desmedida e infundada e distração mal encaixada empregada, e, tendo cobrado aqui o meu protótipo de malandragem com juros e correção!...

E eu tenho que fazer alguma coisa! E me falta o ar, e não consigo nem pensar numa solução! Eu só tenho que fazer alguma coisa! E mesmo sabendo que fazer sem se organizar é uma fuga pra não pensar... ainda assim ecoa: eu tenho que fazer alguma coisa.
E é ambíguo.
Se faço alguma coisa (qualquer coisa!) e encontro uma brecha na condição de procurar sem encontrar adequação, ou seja, se encontro algo que consiga por alguns minutos concentrar a atenção, é fuga, é remendo, é tapar a visão. E ao mesmo tempo se eu parar pra organizar é tão cansativo, e a energia empenhada é tanta, e eu já estou tão sugada, que me falta motivação.

A motivação é o certo, eu sei. A motivação é fechar os olhos e conseguir distinguir entre o que eu quero e o que é o melhor (tão opostos tantas vezes!), eu sei. Mas, putz!.. Que dureza me motivar com a justificativa do que deva ser a motivação!... E que pior ainda admitir a dificuldade de assumir acertar a opção.

Cacete!!!!!!! Que merda ter que escolher a direção estando, ao mesmo tempo que consciente, imersa no eco da repetição...

E eu tenho que fazer alguma coisa!!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

para tiago

Um ano.
Parabéns pra mim e parabéns pra você.
Parabéns por todas as vezes em que a gente acreditou.
Por todas as que demos as mãos forte, sabendo que a ventania ia passar.
Parabéns pela tolerância, pela força, pela garra.
Parabéns pelo sonho, pelo brilho nos olhos.
Pelo carinho.
Pelo respeito.
Parabéns pelas vezes que rimos de nós, que zombamos da inadequação.
Parabéns pelas vezes que analisamos.
Pelas que resistimos.
Por todas que vencemos.
Por todas que nos dedicamos.
Parabéns!
Parabéns pelo crescimento.
Parabéns pela compreensão.
Pela amizade, pela vontade, pela determinação.
Pela razão.
Parabéns pra nós!
Feliz 'um ano'.
Parabéns!