quinta-feira, 30 de outubro de 2008

insônia zumbi de merda

Insônia.
Nunca tinha tido.
Nunca imaginei que teria.
Triste ingresso no mundo de preocupações frenéticas e ecoantes.
A mente não se rende ao cansaço físico e insiste em manter um índice elevado de rotações por minuto.
Pequenos sustos insistem em interromper o adormecer recente, trazendo-o novamente à condição prévia e mantendo-te escrava daquele estado dorme-não-dorme, sem despertar de fato ou cair no sono de vez.
Insônia zumbi de merda.
Milhões de imagens girando rápido numa roleta, vozes ecoando repetindo frases chaves, sentimentos reprimidos se misturando nos segundos pré-susto despertador.
Até que acordo - no susto.
E olho pro lado pra me situar.
E ouço a chuva lá fora cair.
E tento amansar o coração palpitante, diminuir o ritmo interno e calar a boca dos pensamentos tagarelas.
E aos pouquinhos vou tentando adormecer de novo.
E tudo volta a se agitar, e o ritmo volta a disparar, e o susto novamente vem.
Putz!...
Insônia zumbi de merda!!!...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

flagra

Curioso quando a gente se pega no flagra.

Quando estamos seguindo um fluxo de raciocínio e, logo após, nós mesmos engulimos à lógica que julgávamos estar ali, como num xeque mate inesperado da nossa consciência aos nossos próprios pensamentos.

É como se subíssemos mais um degrau de percepção de mundo e víssemos a nós mesmos lá embaixo, sem possibilidade de esconderijo.

E é curioso.

Curioso sair do piloto automático quando nem havíamos percebido que estávamos nele e voltar pro manual, assumindo toda a complexidade de nos olharmos.
De tentarmos nos avaliar.
De admitirmos pra nós mesmos o que sentimos e pensamos lá no fundo, que, aliás, muitas vezes vai de encontro com o que queríamos sentir e pensar de verdade.

E é curioso isso de se pegar no flagra.

Se pegar assaltando a geladeira dos pensamentos à meia noite, achando que ninguém vai ver, mas... ops! Você estava lá! E viu! E se descobriu um pouco mais! E se percebeu mais humana! Mais cheia de defeitos, e, incrível! Esse eu nem sabia que tinha, rs!...

Mas estava lá no fundinho da geladeira dos pensamentos... e eu bem me peguei indo lá assaltar no meio da noite!...

Me peguei no flagra!!!
Explicitamente um flagra!!!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

uma semana de folga

Se eu tivesse uma merecida semana de folga e se essa semana fosse a partir de hoje, eu fico na dúvida se eu iria viajar.
Lógico que viajar sempre é a primeira coisa que vem em mente, como um ícone do distanciamento físico e mental da rotina massante e como uma espécie de renovação interna de ânimo e disposição.
Mas eu não acho que iria viajar...

Aí penso que iria dormir por uma semana. Acordar às dez e meia pro árduo compromisso de tomar café da manhã; e, logo depois, voltar e dormir um pouco mais. Ficar rolando na cama entre filmes, sonhos, cochilos, chocolates e três travesseiros, num lençol bem macio e sob um edredon delicioso (lógico que não tô considerando o calor infernal, tô falando no cenário do dormir ideal)...
Mas eu também não sei se dar-me-ia o mole de dormir assim...

... Cara, me dói dizer isso... me sinto velha, metódica, chata, quase uma portadora irremediável de toc, mas, sim, eu acho que se eu tivesse uma semana de folga eu arrumaria a casa!!!...
Ca-ce-te!!! Como essa casa tá me irritando!!!... Aparentemente tudo está em seu devido lugar. Quando entro o brilho do chão quase me faz esquecer a desorganização extrema que a boa aparência maquiada pelo cheiro de desinfetante esconde!...

Cadê a Mariana que sabia que a tesoura estava na segunda gaveta, dentro da gavetinha de puxador azul ao lado do grampeador vermelho???? E eu lá sei onde está a merda do grampeador vermelho?!?!!? E eu lá sei se a gavetinha de puxador azul ainda está ali, na segunda gaveta, ou se já foi pessear em qualquer outro lugar?!?!?!...

Às vezes acho que sou controladora demais. Às vezes acho que só sou organizada. Às vezes acho que não gosto de perder tempo com algo que sabia que podia ser otimizado se eu tivesse dado a devida atenção desde o início... Mas.. enfim... não importa!!!

Calcinhas, meias, sutiãs, biquines, faixinhas, tops... antes cada um tinha sua gaveta. Agora existem gavetas híbridas que se revezam em me fazer de idiota, deixando sempre pra última a ser aberta estar guardando o que eu de fato estava procurando.

Minhas camisetas, antes tão perfeitamente organizadas por tecido e finalidade, agora dividem espaço com shorts. Blusas de manga compridas e curtas, que antes nem se falavam, estão íntimas - e esse movimento de socialização do meu armário me irrita ao extremo!!!...

Cara!!.. Revistas e papeizinhos em todas as gavetas da mesa do computador. Canetinhas coloridas em todos os lugares capazes de as comportarem. E fios, Senhor!, muitos fios! Carregadores de celulares, extensores, fones de ouvido, cabos RCA, carregador do carrinho de controle remoto, da moto à bateria, das pilhas recarregávies. Cabos USB. Milhões. Zilhões!... Maldita cultura Wi fi que não pega!!!....

Enfim... que triste isso!... Uma semana de folga. Uma mísera e desesperadamente desejada semana de folga. E eu querendo empenhá-la em arrumar a casa, rs...

Sei lá.. depósito de expectativa de arrumar aqui dentro junto. Deve ser. Ver se pega por osmose, rs... Se introjeto a ordem. Porque do jeito que tá, não vai dar pra continuar!...

E que venha minha semana de folga... rs...

avó

Que Deus abençôe os olhos d'água.
Que guie.
Que dê forças.
Que de renove o ânimo e a coragem que nunca faltaram.

Que Deus abençôe os olhos d'água.
Que eles continuem a Lhe servir.
Que continuem a plantar.
Que continuem a semear sorrisos, esperanças e amanhãs.

Que Deus abençôe os olhos d'água.
E que continuem a jorrar a vida de sempre.

Amém.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

e continuam puxando...

E, retifico o que já fora dito: puxam-se sacos ou tapetes.
Ou ambos.
Ao menos a grande maioria.
E sem muito disfarce, sem muito rodeio.
Simplesmente saem puxando por aí, obedecendo, cegos, ao ego inflado; ao desejo desmedido, à ambição.
E riem enquanto puxam, independente de qual dos dois seja a opção.
E puxam.
E acreditam crescer.
E se sujam.
E acreditam subir.
E se enganam.
E puxam.

verão... que maravilha!

Verão...
Sol, praia, bronzeado, gente bonita...
que maravilha!!!!

Calçadão do Leblon, bicileta na Lagoa, mergulho de rio em Lumiar...
que maravilha!!!!

Ar parado, calor no auge, suor simultâneo em todos os poros do corpo, sensação de peso até pra respirar...
que maravilha!!!

Oito horas da manhã ir se arrastando pro trabalho, apagando rapidamento todo e qualquer traço de frescor que o banho matinal possa ter porporcionado enquanto as pessoas suadas se esfregam já de manhã num metrô super lotado...
que maravilha!!!

Pressão 9 por 6, lerdeza na alma, no corpo, no pensamento...
que maravilha!

Nossa! Verão! Adoro taaanto!!!!!...
ma-ra-vi-lha!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

tentando catar flores no concreto

De-si-lu-são!
Total!

E eu me sentindo uma idiota romântica por tentar fazer poesia de uma engrenagem fria.

Escrevi o post abaixo emocionada. Sério!... Eu era especial, tinha um papel único dentro da história daquele restaurantezinho agradável. Eu era a cliente quatro mil duzentos e alguma coisa, oras!!!...

Bom...
Fui lá hoje - de novo.
Me deu vontade de contribuir um pouquinho mais e de assumir um outro papel único e atemporal na história do pequeno empreendimento. Fui determinada a ser "a" cliente algum outro número!!!...

Entrei, me servi, pesei e recebi a comanda.
E...... como assim??????
Eu era a cliente quase seis mil!!!

Cacete! Quase seis mil! Em uma semana de diferença?????????...

Ficou claro! Tristemente claro! Contagem mensal... só pode!...
Contagem cíclica. Mecânica. Sem graça. Sem sentimento.
Máquina. Só máquina!...

E me senti uma idiota, como já falei.
Me senti querendo catar flor no concreto.

Eu era um número qualquer, como milhões de outras pessoas já foram. Era mensal.
Não era um troféu o meu "quatro mil duzentos e alguma coisa". Era o acaso daquele mês, dentro da contagem de um sistema. Um sistema muito maior do que a beleza ingênua da minha concepção carente de antes.

A comida já não foi mais tão gostosa. O empreendimentozinho aconchegante ficou parecido a um fast food qualquer. A degustação passou a ser uma sustentação vitamínica do corpo... E o meu quatro mil duzentos e alguma coisa foi num piscar de olhos pra quase seis mil.
Sem nada de especial.
Sem participação única na história de coisíssima nenhuma.
Sem mágica.
Sem nada.

Só frio assim.
Como um concreto sem flor.

Quatro mil duzendos e alguma coisa

Esses dias fui num restaurante aqui no centro almoçar.
Na comanda estava escrito que eu era a cliente quatro mil duzentos e alguma coisa.
Curiosa a sensação de saber, rs.
Eu estava ali, quatro mil duzentos e alguns clientes depois de um sonho.
Quatro mil duzentos e alguns clientes depois de uma aposta.
Sendo, inclusive, junto aos quatro mil duzentos e alguma coisa, instrumento de manutenção daquele projeto.

Me senti tão importante.
Eu, a cliente quatro mil duzentos e alguma coisa!!!...

E boa sorte pros corajosos por apostar no sonho quatro mil duzendos e alguma coisa clientes antes de mim. E muito gostosa a comida, inclusive, que os quatro mil duzendos e alguma coisa clientes comeram, rs...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

longe

e as promessas continuam a ir pra longe.
cada vez mais longe
e tão longe que eu nem me lembro como é sentí-las aqui
e tão longe que eu nem me lembro como é acreditar.

e elas vão ficando pequenininhas
lá no infinito da ingenuidade que um dia as comprou.

e vão ficando longe.
cada vez mais longe.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

sai o chão e fica o vazio

sai o chão e fica o vazio.
fica um sonho que eu não consigo me lembrar qual era.
fica uma placa em branco, sem indicar direção.

sai o chão e fica o vazio.
fica o desespero por me agarrar no que eu não consigo encontrar.
fica uma queda livre sem previsão.

sai o chão e fica assim.
um vazio.
sem chão.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

só vim dar um "oi"

Nooooooossa!

Muito tempo que não posto!

Muitas coisas que comecei a escrever e não consegui terminar.....



Aos pouquinhos vou terminando e postando, pra ir, aos poucos, finalizando a sensação de coito interrompido de um texto postergado pela demanda de mim pro mundo.