sexta-feira, 28 de novembro de 2008

sobre sonzeras e caixas de som...

Você já viu alguma vez uma propaganda do tal do "Sonzera" do Guaraná Antártica???? E, quando viu, ficou curioso e quis conhecer??? Pois bem... eu sim... Tava pensando isso vindo pro trabalho, no ônibus...

E, engraçado isso... A mágica criada em torno de um objeto absolutamente menos funcional do que o nosso senso comum já está acostumado. Mas que, justamente por ser uma novidade e mexer com esta sede geral pelo novo, suscita interesse...

O que é um sonzera???? Uma caixa de som que tem que estar encostada em alguma coisa pra funcionar!... Mas, que merda!!!!!!.. Tem que estar enconstada em alguma coisa!!!...
(Não é isso?!?!?.... rs..)

Agora, imaginem se esta tecnologia ridiculamente limitada fosse o nosso padrão... PUTZ! Que saco!!! Ter que ficar encostando coisas pra fazer a parada funcionar... É quase ter que colocar bombril na ponta da antena pra TV pegar, rsrsrsr....

Mas, por ser novo, divulgado, usado por pessoas sorridentes na tela da TV, as pessoas querem. UAU! Sonzera!.. rsrsr..

E é isso que é engraçado... A falta de uma consideração efetiva do custo X benefício de alguma coisa frente à valorização quase inconsciente da novidade.

E é mais engraçado pensar que é assim, igual, na vida como um todo.

Tava conversando com uma amiga dia desses. Nossa!... Foi assunto em voga essa semana mesmo... Tava falando da sensação estranha de estagnação da vida.

Acho que durante tanto tempo eu estava sempre vivendo momentos de tanto empenho em alguma coisa, que me é estranho simplesmente manter.
Eu sempre estava galgando postos, sejam eles psicológicos, afetivos, emocionais ou profissionais. Sempre tinha que lidar com o desafio do novo. Constantemente o novo, numa turbulenta fase de adpatações em cima de adaptações.......

Mas era tudo novo! Tudo conquista! Tudo empolgante e motivador!.... Era a sensação interior de plena atividade, a rotatividade de ocupações mentais, o desfio de lidar com campos inexplorados, e tal...

E agora... tô aqui... E o novo já é a rotina.

A caixa de som já existe e funciona. E esta ali, propagando ondas sonoras...... propagando...... propagando.....

E, cara!!!!... Como existem "sonzeras" na vida. Tecnologias consideravelmente inferiores às caixas de som que já somos, mas que despertam curiosidades, interesses, vontades, de uma maneira alheia à consideração racional do custo X benefício frente à realidade...

Tentações de "descer dregaus" só pra lidar com o novo, e que dissimulam na sua oferta a decida que representam e quase enganam os desavisados que seguem o instinto de embarcar.

Ah!.. Isso em vários campos.
Se pensarmos vemos que é em vários campos....

Enfim...

E muito obrigada o Sonzera por me despertar a reflexão, rs....... Pelo menos ele serviu pra alguma coisa que uma caixa de som já não fizesse - sem ser dar o trabalho de ter que encostar pra funcionar, rsrsrsrs!....

terça-feira, 25 de novembro de 2008

sucks!

movida a prazos.
movida a desafios.

e completamente desmovida
nesses tempos chatos de calmaria.

sucks!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

logo ali

me falta o ar
o coração dispara
a mão não fecha
é tudo do que eu fujo que tá logo ali - disponível assim.
é estender as mãos
é dizer um sim.
está logo ali.
tão fácil, tão leve, tão certo
tão perto
tão, mas tão logo ali....
critico quem vai - não sei se por consciência ou por inveja,
mas criticar é o que me resta
pra tentar relembrar de onde eu vim e quem eu sou.
e critico com raiva
com vontade
só não sei se de condenar ou de me juntar.
mas critico
só critico.
olhando de longe
com o ar faltando
com o coração disparado
com a mãe não fechando.
critico daqui.
sabendo que mais que nunca está ali
logo ali.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

anninha

anna lou.
pedacinho de casa no brilho do olhar.
risada com gosto de 14 anos.
ponte de mim comigo.

bom demais te encontrar.
obrigada!............

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

vida distante acontecendo

hoje tá tudo meio distante.
os sons, as cores, as imagens.
tudo distante e frenético ao mesmo tempo.
assisto as pessoas como se eu estivesse numa bolha.
como se não fizéssemos parte do mesmo meio.
como uma análise ou sei lá o que.
as pessoas pisando em poças d'água, com pressa, correndo.
as gotas espirrando.
a mulher do meu lado fumando um cigarro, a brasa descendo.
vejo o trago entrando na boca, quase que em câmera lenta.
um homem fala ao celular.
os sons estão distantes e ecoando e eu não entendo o que diz.
acho que nem queria também.
está frio e tem um homem sem camisa deitado no papelão.
nas suas costas, uma cicatriz gigante de queimadura.
ele treme e eu fecho os olhos rápido, não querendo ver.
mas fica na mente. não adianta. vem e volta, de novo e outra vez.
...e o cara feliz do skate está lá.
Deus me perdoe, mas como ele me incomoda.
um pedaço de gente que fica na Sans Pena.
sem pernas, sem um dos braços e com o outro atrofiado.
fica num skate, com um walk man antigo que nem deve funcionar.
e ele dá bom dia, todos os dias, chova ou faça sol, pra cada uma das pessoas que passam.
ele não pede dinheiro.
ele não vende nada.
ele sorri e dá bom dia.
ele lembra me lembra cada dia como sou ingrata.
e me incomoda.
e me brota lágrima.
um hoje cinza, um hoje chovendo, e ele ali, dando com dia, no cantinho da marquise.
logo depois, ainda atordoada, vejo as pessoas descendo correndo na escada do metrô, num fluxo constante.
sombrinhas coloridas pontuam vida no mar de guarda-chuvas pretos.
e todos eles se fecham, sincronizados, ao término da escada e ingresso na estação.
e eu também entro.
silêncio.
cada formiguinha sabendo exatamente pra onde deve ir, numa ordem já conhecida.
corro pra entrar no vagão do metrô já quase de saída e empurro as pessoas pra poder encontrar o meu lugar.
caras de cansaço, de tristeza, de esperança.
cheiro de perfume, de cigarro, de guardado.
uma mulher velha, com um péssimo hálito, tenta puxar assunto.
eu sorrio sem dar trela, pra não estender o papo.
e ela tenta com outro e outro e outro.
e todo mundo muito ocupado com seu o próprio umbigo pra se preocupar com a carência daquela senhora.
e as estações vão passando numa contagem regressiva.
e é quase uma contagem regressiva pro meu dia começar.
eu, ali, na minha bolha.
tão distante e tão igual a todo mundo.
tão ocupada com o meu infinito singular, que é tão singular quanto o infinito de todo mundo.
mas isso, daqui da minha bolha, eu não vejo.
só vejo a vida distante acontecendo.
só me vejo aqui, vendo.
só.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

quentura

minha orelha tá quente.
muito quente.
fico me perguntando se tem alguém falando mal de mim
ou se ela tá reclamando por estranhar que pararam de falar por um segundo.

eu, particularmente, preferia a primeira.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

elefante branco

Queria um ar condicionado.
Mas não cabe na minha janela e nem no relógio bifásico do elefante branco em que moro.
Queria uma parede lisinha e tábuas corridas no chão.
Mas não cabe nas intenções do proprietário do elefante branco em que moro.
Queria um elevador.
Mas não cabe na estrutura do elefante branco em que moro.
Queria um porteiro, pra fingir que tem alguma barreira pra quem quer que queira entrar.
Mas não cabe nas projeções do elefante branco em moro.
Queria uma descarga.
Mas não cabe na pressão de água ridícula do elefante branco em que moro.
Queria silêncio.
Mas não cabe no perfil do bar e dos pontos de ônibus que têm em baixo do elefante branco em que moro.
Queria uma instalação decente para máquina de lavar.
Mas não cabe na planta do elefante branco em que moro.

Mas aí eu lembro que tenho onde morar.
E lembro da necessidade de gratidão e do discurso de que tantos não têm.







E aí calo a boca e paro de chamar aquele elefante branco de elefante branco.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

superstar

"Superstar" do Sonic Youth.
Sensação deliciosa enquanto a música derrete vagarosamente nos ouvidos.
Fecho os olhos e sinto-a em mim, como um bálsamo tranquilizante.
Dopada. Completamente dopada pela melodia.
Superstar.