sexta-feira, 23 de maio de 2008

síndrome do pensamento cansativo

Rá! Síndrome do pensamento cansativo!...

Há um tempão atrás, quando eu tentava descrever a chuva incontrolável de pensamentos que vinham na minha mente (um dilúvio, praticamente!), usei esta expressão! E sabe aquelas expressões que a gente gosta e faz questão de usar quando pode pra se auto envaidecer e se encontrar com o que vc concebe como sendo um pouquinho da sua genialidade? Então! "Síndrome do pensamento cansativo" é uma delas!

Tá certo que ninguém aqui precisa concordar comigo quando falo de "genialidade", até pq, olhando assim, agora, de fora, nem me parece mais tão impactante; mas, no momento em que usado pela primeira vez, foi quase um orgasmo intelectual conseguir definir aquele estado de pensamentos ecoantes que vinham e iam numa velocidade tão grande que sequer me davam tempo de, de fato, pensar; e me cansavam só de observar (internamente), ainda que absorte, a sua 'frenetiquice' desvairada.

É a "síndrome do pensamento cansativo". Essa que me faz passar o dia inteiro parada, olhando e não vendo, sem fazer nada. Pensar em tudo e não conseguir apreender nada. Repetir mentalmente de forma absolutamente desordenada quinhentas vezes a mesma coisa, rápido, sem dar conta do quê estar sendo dito, do porquê, de quantas vezes e de qual a finalidade de cada uma. Soltar a cordinha da coleira do pensamento e deixar esse cachorro louco solto, correndo e latindo, sem ter o mínimo controle de pra onde vai.

Acho que era mais ou menos isso que Eddy Vader quis dizer em "THOUGHTS ARRIVE LIKE BUTTERFLIES"
, rs. Imagino muito aqueles caules de árvores gigantes que a gente vê no "discovery channel", com zilhões de borboletas, lindas, pousadas. De repente, um barulho, uma ameaça, um movimento, sei lá!... E todas saem juntas, voando. Um balé de cores no ar, uma poesia visual de segundos até que cada uma tome seu rumo e passe a ser um pontinho único de magia na paisagem. Mas é ali, naquele momento em que todas voam juntas, desordenadamente... é justamente ali, naquele excesso bêbado de informações, que eu imagino a metáfora. Não se sabe pra onde olhar. Não se consegue ver cada uma com as suas particularidades. Simplesmente há um êxtase visual que basta por si, sem que a gente sequer consiga forçar o direcionamento da atenção pra uma específica. E, ainda que quiséssemos, não conseguiríamos. Outra e outra e depois outra viriam na frente, roubando aquele segundo de dedicação que buscamos ter sem consideração pelo esforço empenhado.

E é assim com pensamentos. Ecoantes. Impossíveis de enumerar. Uma velocidade incrível que nem James Joyce tentando começar a frase pelo meio pra tentar traduzir pensamentos, conseguiria. Antes mesmo de ser pensado, o pensamento já é substituído, num ciclo vicioso de repetições alucinadas e alucinantes.

Meu corpo pára, estático, pra tentar compensar e balancear a agitação interna. Um ponto fixo é escolhido, pra não haver conflito de informações visuais e mentais. É como se, naquele momento, o mundo de mim se sobrepusesse ao mundo físico de uma maneira tão imponente que eu fico sem argumentos pra não embarcar.

Rá!... E é a "síndrome do pensamento cansativo". E ele cansa. Mesmo! E desgasta. Mesmo! E, que droga, nem posso dizer que queima calorias mesmo - logo o que eu mais queria dizer, rs. Mas tudo bem!.. Até que ia ser esquisito academias e pessoas sentadas olhando prum ponto fixo e pensando desordenadamente, rs, ainda que, sem dúvida, fosse uma forma de emagrecimento mais interessante do que os métodos que costumam ser aplicados, rs.

Mas, enfim, voltando... Cansa! Dá náusea! Suga e não produz! É uma explosão de energia demandada e não canalizada que faz irritar. Desperdício de força e tempo.

E, engraçado. Levei tanto tempo pra conseguir denominar a "síndrome do pensamento cansativo"... Achava que quando conseguisse, iria ter completado o ciclo que ela representava. Que aquele estado carecia era da definição e que se findaria ali. Mas agora percebo que não. E, ao mesmo tempo, me irrita a catarse conceitual que ela tenta reproduzir. Tenho soltado a coleira e ficado corrido atrás do cachorro pela vizinhança. E eu já não sei se o que cansa mais na história é o cachorro correndo enquanto exercício físico em si ou se é a idéia subjetiva de falta de controle do paradeiro. Sei lá... só sei que cansa!!!... E tanto!....

Um comentário:

Unknown disse...

Prezada Maníaca das Entrelinhas,

Dentre tantas coisas que admiro em você uma delas se destaca: o prazer de produzir cultura. Acredito que essa tal sindrome do pensamento cansativo deva ser o estado motriz que impulsiona os artistas. E acredite, expressar sentimentos e idéias de forma tão sublime, é uma arte belissima.
Bjus, Ingrid