sexta-feira, 7 de novembro de 2008

elefante branco

Queria um ar condicionado.
Mas não cabe na minha janela e nem no relógio bifásico do elefante branco em que moro.
Queria uma parede lisinha e tábuas corridas no chão.
Mas não cabe nas intenções do proprietário do elefante branco em que moro.
Queria um elevador.
Mas não cabe na estrutura do elefante branco em que moro.
Queria um porteiro, pra fingir que tem alguma barreira pra quem quer que queira entrar.
Mas não cabe nas projeções do elefante branco em moro.
Queria uma descarga.
Mas não cabe na pressão de água ridícula do elefante branco em que moro.
Queria silêncio.
Mas não cabe no perfil do bar e dos pontos de ônibus que têm em baixo do elefante branco em que moro.
Queria uma instalação decente para máquina de lavar.
Mas não cabe na planta do elefante branco em que moro.

Mas aí eu lembro que tenho onde morar.
E lembro da necessidade de gratidão e do discurso de que tantos não têm.







E aí calo a boca e paro de chamar aquele elefante branco de elefante branco.

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